Star Trek celebra 50 anos com filme que volta às origens
Vida Longa e Próspera
Em 2016 se completaram 50 anos desde que “Star Trek” chegou à TV americana. A criação utópica de Gene Roddenberry defendia a união de todos os seres do Universo, respeitando as diferenças, as diversidades de gênero, religião e política. Foram três temporadas, que seguiram aos trancos e barrancos com baixos índices de audiência. Especialistas deram o seriado como cerebral demais para a audiência da época. Mas, ao mesmo tempo, a série era cultuada por jovens como os que anos mais tarde se tornaram cientistas e inventaram diversos dos gadgets imaginados por Roddenberry. Atualmente, a franquia Star Trek vale bilhões de dólares, não só pelas séries e filmes para o cinema, mas também pela diversificação enorme de produtos de todos os tipos.
Para assinalar a comemoração do cinquentenário da marca, um novo filme chegou aos cinemas no último dia 1 de setembro. “Star Trek: Sem fronteiras” é justamente uma volta ao velho seriado televisivo com todas as características que tornaram a franquia reverenciada pelo mundo, ainda mais depois que os mais radicais não gostaram das liberdades revisionistas tomadas pelo cineasta J.J. Abrams em “Além da escuridão”, segundo filme do reboot da franquia. A grita dos mais fanáticos levou o roteiro que seria a continuação, de Robert Orci, que também iria dirigir o longa, a ser descartado. Os produtores ficaram preocupados, e resolveram apostar em Simon Pegg, que interpreta o Sr. Scott nos filmes e, quando criança, era apaixonado pela série. “Eu estava trabalhando em ‘Missão: Impossível – Nação secreta’ quando, numa conversa com o produtor Bryan Burke, ele resolveu me convidar para escrever o script. Eu fiquei extasiado”, conta. O ator John Cho, que interpreta Sulu, confirmou que Simon era o cara certo para o trabalho: “Ele sabe de coisas que só um trekker pode saber”. Simon fez questão de não ler o roteiro feito por Orci e sentou com Doug Jung para escrever uma nova história, que apresenta Krall, um ser que quer destruir a Federação. “O tempo era escasso, estávamos no início de 2015 e as filmagens começariam em junho. Nem diretor tinha ainda”.
Foi aí que J.J. Abrams sugeriu o nome do taiwanês Justin Lin, famoso por ter tornado “Velozes e furiosos” uma franquia bilionária. “Eu sou fã de Star Trek desde quando tinha 8 anos. Minha família se reunia para assistir aos episódios clássicos quando foram reapresentados. Era o nosso momento juntos. E conforme fui crescendo, vejo que a relação com os episódios se tornou diferente. Tudo vai ficando mais complexo. E ação não significa nada se você não se importar com as pessoas que estão protagonizando essa ação”, comenta Justin, “Eu queria introduzir um vilão que questionasse a Federação e explorar mais os personagens. O roteiro de Simon e Doug foi essencial para isso”. Algo com que Zöe Saldana, a tenente Uhura, concorda. “Simon investiu nos personagens e nos deu liberdade para acrescentar mais nuances, como também explorar a diversidade e a igualdade entre mulheres e homens”. Realmente, os famosos tripulantes da Enterprise têm mais tempo para desenvolver seus personagens no novo filme, que também apresenta Sulu com sua família numa relação gay. “Isso é só a realidade. Antigamente os filmes eram unidimensionais, não retratavam o real. Eu só fiz aquilo que Roddenberry sempre defendeu sobre respeitar as diferenças”, diz Simon. O resultado de todo esse apuro é uma aventura com humor e ação na medida, e que deve conquistar iniciados e novatos.
Sobre a mudança de diretor, todos demonstram a mesma opinião a respeito da diferença de estilo entre J.J., que é um poço de energia, e Justin, mais calmo. E também concordam que ambos são importantes para Star Trek, como detalha Zachary Quinto, que faz o comandante Spock. “J.J. foi o responsável por criar essa liga entre nós todos que se tornou crível para o público. Demorou alguns dias para recalibrar a energia com Lin, mas ele é superconfiante e sabe exatamente o que quer”. Não tem como não concordar com o Spock.