Balanço do Segundo Dia
Destaque absoluto fica para As Boas Maneiras de Juliana Rojas e Marco Dutra
Alguns dos destaques de hoje foram a sessão para imprensa de “Zama” de Lucrecia Martel, super coprodução argentina com a brasileira Bananeira Filmes de Vania Catani, filme para o qual já há matéria em vídeo e crítica no Almanaque Virtual, além de Première Brasil com “Praça Paris” e “Aos Teus Olhos”, sem falar na sessão com debate no Cine Odeon do soberbo “As Boas Maneiras” de Juliana Rojas e Marco Dutra, com Marjorie Estiano e Isabel Zuaa Mutange. No demais, outras dicas são “A Câmera de Claire”, novo filme de Hong Sang-Soo com Isabelle Huppert e Kim Min-Hee, além do novo trabalho também de Steven Soderbergh, uma espécie de releitura de sua própria obra “Onze Homens e Um Segredo” parodiando a classe média do interior americano, numa tentativa de assalto a banco inusitada.
Confiram uma grade de notas:
As Boas Maneiras – 9.5
Filme soberbo. Tudo. E ainda surpreende encerrando o 1° arco com quase 2/3 de filme e recomeça um novo arco quase tão interessante e hipnotizante quanto, mas com um frame final que faz todo o desdobramento valer tudo
A Câmera de Claire – 7.5
Sang-Soo ligeiramente menor nos últimos anos soberbos que anda rendendo, mas ainda assim com diálogos arrasadores que dão vontade de transcrever e com uma química irresistível da dupla principal: Huppert e Min-Hee
Logan Lucky – 6
Humor descartável, mas elenco de primeira com caracterizações acertadamente caricaturais, com destaque para a chocante versão platinada de Daniel Craig (o famoso James Bond).
Relembrando outras dicas dos filmes que vieram antes, mas que ainda possuem reprises para se poder conferir:
A Guerra dos Sexos 8
Quem surpreende é a história dentro da história, é San Junipero
Gabriel e a Montanha 7
Bonita aventura épica mas com alguns problemas de representação entre a desconstrução da elite e o abraço ao social
A Forma da Água – 9
Fantasia estonteante e que ainda alfineta a sociedade americana em sua fase áurea de Hollywood com referências ácidas que dão poder às minorias
Me Chame Pelo Seu Nome – 10
De derrubar qualquer um. E QUE monólogo final!
Henfil – 9
Doc subversivo sobre artista subversivo. No ponto para tempos atuais. Só fica um tico deslocada a parte que tenta homenagear os próprios desenhos dele, com garotada reproduzindo-os
Clara Estrela – 7.5
Doc tradicional sobre Clara Nunes,mas a artista merece as 2h contendo performances lindas e debates sobre as raízes e estudos da arte
Detroit em Rebelião – 9
Porrada no estômago, mas necessária, porque silencia quem está na tela, já que remete aos estarrecedores fatos reais, e quem está na plateia, em choque.
Vida em Família 6
Comédia chilena simpática, e sem final fácil, mas os arquétipos ali colocados possuem uma boa complexidade que poderia ser melhor trabalhada
Cadáveres Bronzeados – 6
Esteticamente avassalador, porém a falta de estofo e o afobamento na evolução linguística afoga as múltiplas referências super válidas se analisadas em separado.