Eu Sou Ingrid Bergman
O perfil de uma mulher que ousou enfrentar as convenções sociais numa época repleta de tabus morais
Importada da Suécia pelo produtor David O. Selznick, Ingrid Bergman conquistou de imediato a simpatia de Hollywood com seu charme discreto e carisma europeu. Avessa a badalações e sem o sex appeal das atrizes de sua época, Ingrid chegou a América em meados dos anos 30 acompanhada de seu marido, Petter Lindstron, um renomado neurocirurgião e sua filha, a pequena Pia, alcançando um estrondoso sucesso que culminou com um Oscar de melhor atriz por “À Meia Luz” de 1944. Seria um conto de fadas perfeito, caso a atriz anos depois não tivesse abandonado a família, cruzado o Atlântico para se envolver com o diretor italiano Roberto Rossellini transformando-se, aos olhos da sociedade norte americana, em uma adúltera e uma má influência para todas as mulheres.
O documentário “Eu Sou Ingrid Bergman” (Jag ar Ingrid) dirigido e roteirizado pelo sueco Stig Björkman, aborda esta e muitas outras interessantes questões sobre o perfil de uma mulher que ousou enfrentar as convenções sociais numa época repleta de tabus morais.
O grande diferencial deste filme é que Björkman deixa que a atriz “converse” com o espectador através da suave narração da atriz Alicia Vikander e acompanhada de um extenso material particular (e inédito) como cartas, diários, fotografias e filmes caseiros, incluindo depoimentos de amigos e seus quatro filhos (Pia Lindstron, Roberto, Ingrid e Isabella Rossellini) que argumentam sobre o comportamento da mãe de acordo com seu ponto de vista. Para o diretor é importante que a figura de Bergman fale por si própria e que o espectador tire suas próprias conclusões embora se perceba uma aura de magnanimidade e generosidade em torno da atriz. Isabella Rosselini, por exemplo, vibra com as lembranças infantis passadas ao lado da mãe mesmo quando Ingrid passava longos períodos fora de casa. Para ela a mãe é um sinônimo de liberdade e autonomia, um modelo de bom humor, beleza e alegria. Já Pia Lindstron, não consegue conter o constrangimento de explicar as razões que levaram a mãe a abandoná-la desde pequena, se abstendo de traçar comentários sobre seus irmãos italianos.

Eu Sou Ingrid Bergman (Jag ar Ingrid) é um retrato saudosista de uma mulher centrada (e inconformada) que defendia a liberdade de viver sua vida da maneira como sempre quis. Um exemplo a ser seguido.

Eu Sou Ingrid Bergman (Jag ar Ingrid)
Suécia, 2015. 104 min
Direção: Stig Björkman
Com: Ingrid Bergman, Roberto Rossellini, Pia Lindströn, Isabella Rossellini
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