Itália marca três primeiros gols na Berlinale
Favorito ao Urso de Ouro, o documentário 'Fuocoammare' faz a festa nas premiações paralelas do festival alemão
Itália vive momentos de glória cinematográfica na Berlinale, afinada com o debate sobre a exclusão política que serviu de combustível ao evento nos últimos 11 dias. Toda a torcida em torno do o documentário italiano Fuocoammare na disputa pelo Urso de Ouro 2016 – que será entregue esta noite – já deu seus primeiros frutos nas horas finais do 66º Festival de Berlim. Nesta tarde, o longa-metragem do diretor Gianfranco Rosi sobre a realidade da Ilha de Lampedusa, um porto de entrada para refugiados africanos na Europa, conquistou os prêmios da Anistia Internacional, do Júri Ecumênico e do Júri de Leitores do jornal Berliner MorgenPost.
Merece tanta badalação? Sem dúvida.
Nascido na Eritreia, na África, sob nacionalidade italiana, o diretor Gianfranco Rosi veio aqui já com o prestígio em alta, por conta do respeito que conquistou mundialmente após receber o Leão de Ouro, em Veneza, em 2013, por Sacro GRA. Mas sua respeitabilidade tende a aumentar em função do debate que seu novo longa inflamou em território germânico. E não é só por estar antenado com uma discussão oportuna: é um trabalho de estrutura narrativa arrebatadora. É poema e denúncia.
Respeitado mundialmente desde o Oscar recebido por Terra de Ninguém (2001), o bósnio Danis Tanovic ganhou o prêmio da Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica (Fipresci) por Death in Sarajevo, cujo roteiro (primoroso) se concentra todo em hotel no dia do centenário do assassinato que deflagrou a I Guerra Mundial. E o drama alemão 24 Weeks, de Anne Zohra Berrached, ganhou o prêmio do Sindicato dos Cinemas de Arte da Alemanha, ao narrar o dilema de uma comediante às voltas com uma gravidez de risco.
No júri da seção Panorama, os três vencedores dos prêmios de júri popular foram o israelense Junction 48, de Udi Aloni; o alemão Fukushima, Mon Amour, de Doris Dörrie; e o sul-africano Shepherds and Butchers, de Oliver Schmitz, que já está cercado de uma campanha para o Oscar de 2017 (!) pelo desempenho magistral do ator Steve Coogan como um advogado em luta contra a pena de morte.
Nossa aposta para esta noite seria:
Urso de Ouro: The Commune, de Thomas Vinterberg;
Grande Prêmio do Júri: Fuocoammare, de Gianfranco Rosi;
Troféu Alfred Bauer de Inovação de Linguagem: A Lullaby to the Sorrowful Mystery, de Lav Diaz;
Direção: Tomasz Wasilewski, por The United States of Love;
Atriz: Julia Jentsch, por 24 Weeks;
Ator: Brendan Gleeson, por Alone in Berlin;
Roteiro: Danis Tanovic por Death in Sarajevo;
Contribuição Artística: Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira, pela fotografia
Curta-metragem: Das Águas Que Passam, de Diego Zon
Mas quem vai decidir é a atriz Meryl Streep, presidente do júri. Que bom! Mas fizemos nossa parte e temos nossa torcida.