Luz nos Trópicos
Menos filme e mais Instalação de uma artista plástica em suas raízes mistas.
Além disso, após estrear no Olhar de Cinema, agora chega no 14º CineBH a densa e hermética empreitada “Luz nos Trópicos” de Paula Gaitán, outro lançamento brasileiro do início do ano na Berlinale, o qual chega agora ao circuito possibilitado pelo streaming na quarentena. Numa obra de longos 260 minutos, sua proposta perpassa a extrema precisão estética da diretora, com olhar apurado nas artes plásticas (saiba mais no debate do filme em sua estreia no Festival de Berlim aqui e aqui). Porém, infelizmente, não funciona com o mesmo equilíbrio pelas mais de quatro horas de duração.
De início eficaz, o tempo dilatado na primeira hora de projeção nos apresenta a busca de Igor (Begê Muniz) por sua ancestralidade Kuikuro (cujo povo originário possui seu próprio tempo de ensinamento das coisas). Logo depois, em mais duas horas de projeção, acompanhamos uma expedição europeia colonizadora do passado, quase a parecer um tableau vivant (quadro vivo), que talvez esvazie e engesse de certa maneira a intenção decolonialista inicial. Até se recupera perto do fim, quando mistura todos os tempos numa babel poliglota, mas pode ser tarde para prender o espectador mais desavisado.
Vale mencionar também no elenco internacional a presença do galã português Carloto Cotta, bastante camaleônico em suas metamorfoses, como desde o cult “Tabu”, ao pop “Diamantino”…, e que acrescenta mais esse papel interessante ao seu currículo, mesmo que se perca como se apenas fosse um modelo vivo em quadros inertes em narrativa cíclica que dá muitas voltas por esses belos quadros sem focar em nenhum. Ainda assim, vale aqui um pequeno ensaio imagético da potencial visual de seu filme, como segue abaixo em sequência de frames, ampliando a percepção de que o filme funcionaria igualmente como uma instalação:













