O Duende Rumpelstiltskin
Montagem tímida que se assemelha a uma contação de histórias dos Irmãos Grimm
Baseado em um conto alemão coletado pelos Irmãos Grimm, e publicado no livro de Contos de Grimm em 1812, está em cartaz no Teatro Fashion Mall, no Rio de Janeiro, o espetáculo “O Duende Rumpelstiltskin” com adaptação de Daniel Porto e direção de Daniel Dias da Silva. O nome Rumpelstilzchen é de origem alemã Rumpelstilt ou Rumpelstilz era o nome de um tipo de duende, também chamado de pophart ou poppart que faz barulhos de chocalho em tábuas. O significado é semelhante ao rumpelgeist (“chocalho fantasma”) ou poltergeist, um espírito travesso que faz barulho e move objetos domésticos. Outros conceitos relacionados são mummarts ou bicho-papões que são espíritos domésticos travessos que se disfarçam. Na história original, para impressionar o rei, um moleiro muito pobre inventa que a filha é capaz de fiar palha e transformá-la em ouro. O Rei chama a moça, fecha-a numa torre com palha e uma roda de fiar, e exige-lhe que transforme a palha em ouro até de manhã ou terá sua garganta cortada (em outra versão, o rei ameaça trancar a jovem para sempre em uma torre). Ela já tinha perdido toda a esperança, quando aparece um duende no quarto e transforma toda a palha em ouro em troca do seu colar; na noite seguinte, pede-lhe o seu anel. Na terceira noite, quando ela não tinha nada para lhe dar, o duende faz a transformação em troca do primeiro filho que a moça desse à luz. O Rei fica tão impressionado que decide se casar com ela, mas quando nasce o primeiro filho do casal, o duende regressa para reclamar o seu pagamento: “Agora dá-me o que me prometeste”. A Rainha ficou assustada e ofereceu-lhe toda a sua riqueza, se este a deixasse ficar com a criança. O duende inicialmente recusa, mas por fim aceita fazer uma troca: a Rainha poderia ficar com a criança se ela conseguisse adivinhar o nome dele dentro de três dias. No primeiro dia, ela falhou, mas antes da segunda noite, o seu mensageiro ouve o duende a saltar à volta de uma fogueira e a cantar. Existem muitas variações da canção, mas a mais conhecida é: “Hoje eu frito, amanhã eu cozinho! Depois de amanhã será o filho da rainha! Coisa boa é ninguém saber Que o meu nome é Rumpelstichen!” Quando o duende foi ter com a Rainha no terceiro dia, ela revela o nome dele e o duende perde sua aposta. Na edição de 1812 dos Contos dos Irmãos Grimm, depois disto, Rumpelstichen foge zangado e nunca mais regressa. O final foi revisto numa edição de 1857 para uma versão mais macabra onde o duende, cego de raiva, bate os pés com tanta força que se parte em dois. Na versão oral, coletada originalmente pelos Irmãos Grimm, ele voa da janela numa panela.
Na montagem atual de “O Duende Rumpelstiltskin”, podemos ver traços do original onde temos a personagem do pai, da camponesa e do Duende. Nele, o Duende, que não pode ter seu nome revelado, se aproveita das fragilidades da jovem camponesa, e para ajudá-la, ele em troca pede que o seu filho lhe seja dado ao nascer. Para desfazer este juramento, a moça descobre uma brecha no contrato, que diz que ela pode desfazê-lo, caso descubra o nome complicado do Duende. O formato da peça, feito com dedicação e seriedade, é bastante simples e se aproxima demais de uma contação de histórias, do que de um espetáculo para o teatro. Embora haja um cuidado nos poucos elementos cênicos rústicos e artesanais – alguns funcionando apenas como fundo decorativo -, a história se dá basicamente no jogo de contar a história, e de uma mudança de personagem entre o Pai e o Duende, em uma manobra previsível e com pouca carga de teatralidade ou mágica cênica que possa explorar às ferramentas lúdicas que oferecem o teatro, como a iluminação, a sonoridade e a exploração da caixa cênica. A direção tem um rendimento regular, e parece apenas ter organizado os atores em cena, com marcas muito simples e pouco criativas. Tendo a peça também alguns problemas de fluidez e ritmo. O jogo proposto com a plateia é também ingênuo, pouco convincente e até mesmo desnecessário. O desfecho da peça também exagera no tom didático e educativo, ao ressaltar tanto em cena, como na fala do ator após o espetáculo, as supostas virtudes que o conto traz à família. Soa como que a plateia não tivesse absorvido com inteligência o mote principal que a história pretende contar. Os figurinos simpáticos de Karlla de Luca são adequados à época, a iluminação de ribalta de Paulo Emygdio deixa a peça quase que às escuras, onde seria necessário buscar um bom ganho de luz elétrica, apenas para podermos obter volume e contornos – mais definidos – das personagens em cena. Os atores Alexandre Lino (pai e Duende) e Natália Régia (camponesa) conseguem dar conta das suas personagens, com alguma falta de energia na atuação da camponesa, e alguns exageros na atuação do Duende.
SERVIÇO-
Reestreia: 17 de outubro – sábado às 15h
Temporada: até 29 de novembro (sábados e domingos às 15h)
Ingressos: R$ 60,00 inteira R$ 30,00 meia.
Local: Teatro Fashion Mall – Est. da Gávea, 899 – São Conrado.
Informações (21) 2422-9800
Gênero: Infantil
Classificação: Livre, indicado para crianças a partir dos 2 anos.
Duração: 50 minutos
Capacidade: 280 lugares
Vendas: www.ingresso.com.br
Site: www.pecadoduende.com.br
FICHA TÉCNICA-
Autor: Daniel Porto
Direção: Daniel Dias da Silva
Elenco: Alexandre Lino, Daniel Dias da Silva e Natália Régia
Direção Musical: Tibor Fittel
Cenografia e figurinos: Karlla de Luca
Iluminação: Paulo Emygdio
Preparação Corporal: Mariana Martins
Produção Executiva: Daniel Porto
Assistente de Produção: Paulo Amaro
Programação Visual: Guilherme Lopes Moura
Webdesigner: Mariana Martins
Assessoria de Imprensa RJ: Gabriel Mota
Produtores Associados: Alexandre Lino, Anna Sant’ana e Daniel Porto
Idealização e Realização: CINETEATRO Produções
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