Verão 1993
Universo solar para uma dor profunda
O dia no Festival do Rio 2017 começou com um filme belíssimo e duplamente premiado no Festival de Berlim como melhor estreia na direção e melhor filme da Mostra Geração, “Verão 1993” de Carla Simón. Uma belíssima tomada sobre a perda na infância através dos olhos de quem mais sabe: as crianças.
Duas atrizes-mirins inspiradíssimas guiam a trama de modo a jamais serem diminuídas, com câmera baixa sempre para elas serem a referência do tamanho dos objetos em tela, e os adultos serem mais secundários ou cortados pela metade de acordo com a necessidade de suas presenças tomarem ou não o quadro. Filme de época com extrema consciência e inspirado na infância da própria diretora quando perdeu os pais para a Aids no início da década de 90, quando ainda não se sabia quase nada sobre a doença.

Sem falar que o elenco é diversificado, contendo de membros da família da diretora, já que a história é bastante real para ela, ou mesmo até artista com nanismo, que em nenhum momento são tratados de forma diferenciada pelo roteiro, e sim com naturalidade que merecem como pessoas que orbitam aquele universo e o filme não se torna sobre isso. Um universo extremamente solar do verão de 1993 para trabalhar uma dor tão profunda que dificilmente consegue desaguar em lágrimas assim como a chuva que não cai facilmente.
O filme estreia dia 07 de dezembro nos cinemas brasileiros.
Festival do Rio 2017 – Première Latina
Verão 1993 (Estiu 1993)
Espanha, 2017. 96 min
De Carla Simón
Com Laia Artigas, Paula Robles, Bruna Cusí